Sou um espelho de mágoas
que de mágoas subsisto
no meio de palavras vagas
crítico um mundo que não existe
E a ambição que de forma muda e sádica
conforta e mais tarde dissipa
aqueles que por via enigmática
expõem a sua maldade na íntegra
mas nem mesmo essa me cala
porque de medo sofre o homem
e do medo salva a bala
e eu no meu antro de desordem
calo quem hipocritamente não me fala
mas eu sou um conjunto de almas
que louvam o sofrimento
porque eu sendo espelho de mágoas
não critico, vivo a vida morrendo
mas de quem sofre
posso eu e os demais
no final acabam todos na morgue
salvam-se os homens, excluem-se os animais
Porque morrer, morrem vocês todos
o que interessa é o legado
uns choram porque vos amaram
outros choram por irem tarde
Não sabem vocês a sorte
como que eu a vocês Homens me exibo
sendo eu apenas um espelho de mágoas
não morrerei até a humanidade ter toda morrido